segunda-feira, 8 de maio de 2023

Atividade: Aula 1 / Grupo 7 - O mercado de produtos de higiene e beleza no Brasil em periódicos (jornais / ilustração)

       A história da higiene no Brasil se inicia ainda com os povos originários no período colonial, foram eles os responsáveis pela maioria dos hábitos de higiene que até hoje estão presentes em nossa cultura. Os indígenas tinham o costume de cortar os cabelos e se depilar com frequência, além de utilizarem recursos naturais como óleos e extratos de plantas e sementes em seus corpos, o que ainda é empregado na indústria de cosméticos e produtos de higiene corporal atualmente. Também foi herdado dos povos indígenas o costume de tomar banho todos os dias, o que estranhou muito os portugueses ao chegarem em nosso território, pois, naquela época, para eles o comum era se tomar apenas de um a dois banhos por ano, e somente por recomendações médicas.
       Já durante o século 19, os brasileiros costumavam manter péssimos hábitos de higiene. A começar pelas cidades, onde costumava ter mau cheiro por toda parte, pois os dejetos eram descartados dos penicos nas ruas livremente, sem nenhum tipo de cuidado, pois não havia banheiros nas casas. Geralmente, no interior delas, até mesmo as de pessoas mais nobres, costumavam ter cozinhas e demais cômodos sujos e pouco arejados. Os banhos não eram diários e as pessoas utilizavam a mesma vestimenta por dias, sem lavar ou realizar uma troca com frequência. Tal falta de higiene ocasionava inúmeros casos de doenças de pele, o vice-rei de Portugal, marquês de Lavradio, se orgulhava em manter sua pele saudável, e dizia em uma carta que “conserva-se bem sem sarnas, nem perebas, moléstia que aqui padecem todos”. Além de pegarem piolho com muita facilidade e o ato de catálos era uma atividade realizada com alegria, o que estranhava muito os estrangeiros que viam aquilo.
       Até o século 19, a palavra higiene ainda não constava nos dicionários, e foi somente a partir da primeira metade dele que a relação dos brasileiros com a higiene começou a mudar. Foi um longo período até que o uso da água para banhos diários e bem executados fosse adotado por todos os brasileiros e se tornasse um hábito, além de começarem a utilizar cosméticos e produtos de higiene com frequência. 
       E a partir daí, diversos produtos e serviços começaram a ser desenvolvidos aqui no Brasil para abranger todos os públicos interessados em cuidar da aparência e manter uma boa higiene, apesar de quase todas as propagandas utilizarem figuras femininas e serem destinadas à mulheres. Certos anúncios chegavam a ser bem polêmicos e praticarem propaganda enganosa, ao anunciar produtos duvidosos e com efeitos praticamente impossíveis para aquela época, como em algumas das que iremos mostrar a seguir.

  • Casa de Banhos Serêa Paulista – 1865
                                             
       A Sereia Paulista foi uma casa de banho inaugurada em 28 de setembro de 1865, em São Paulo. O local tinha um poço para abastecimento de água, reservatórios, aquecimento e vários quartos com uma banheira de mármore em cada um. Um dos quartos disponíveis era adaptado para "banhos de chuva". Na sa da frente, "refrescos finos e bebidas de espírito. No século XIX eram comuns na Europa as casas de banho, e naquela época no Brasil, a cadeira sanitária, pia e ducha era item de residências de luxo.

  • Salão Elegante – 1867
                                                       
       Campanha de 1867 que promovia um salão de beleza na cidade de São Paulo com atendimento à senhoras. Interessante notar que o texto, boa parte estava escrito em francês, o que costumava enobrecer o serviço. O nome do salão remetia à seletividade do público destinado.

  • Salão Oliveira 
       Promovendo a chegada da Europa de “duas arrobas de cabelos sortidos de Todas as cores”, o Salão Oliveira era anunciado para as senhoras da sociedade paulistana. Campanha veiculada no jornal Correio Paulistano na edição do dia 29 de abril de 1879. A campanha buscava Alertar os clientes contra as falsificações.

  • O vigor do cabelo do Dr. Ayer - 1892
       Propaganda veiculada no jornal Correio Paulistano, edição de 26 de abril de 1892, trazendo uma imagem emblemática e promovendo os benefícios do tônico capilar.

  • Sabonete Rifger – 1895  
       No anúncio veiculado no jornal Correio Paulistano em 27 de fevereiro de 1895, o anunciante procurou alertar ao público que haviam falsificações do seu produto, e que o falso era muito semelhante ao original, com o intuito de ajudar a prevenir os clientes a comprarem a falsificação.

  • Pilol (Restaurador de Cabelos) - 1906
       A propaganda, além de enaltecer o grande número de consumidores e a sua eficácia, ainda aponta que com o sucesso do produto, muitas falsificações estavam surgindo no mercado, com nomes parecidos ao da marca. Anúncio veiculado na Revista da Semana, edição de 04 de novembro de 1906.

  • Creme Simon - 1907
       Um creme vindo da França veiculado em revistas brasileiras. O Creme Simon prometia amaciar a pele, além de embranquecer e aveludá-la. O anúncio alertava sobre as imitações indevidas do produto. Campanha veiculada na Revista da Semana, no dia 1° de dezembro de 1907.

  • Pilules Orientales- 1909
       O curioso anúncio prometia em apenas dois meses, devolver "a firmeza do peito sem causar dano algum à saúde". Além de seios "desenvolvidos, reconstituídos, aformozeados, fortificados". Para aquela época, o anúncio certamente chamou muita atenção.

  •  Perfume Meu Coração – 1910
       Uma propaganda em forma de desenho, mostrando o produto e também toda a linha de higiene e cosméticos da famosa Perfumaria Gaspar, que na época era o principal ponto de venda de produtos desse ramo no Rio de Janeiro. Propaganda veiculada na Revista da Semana, dia 06 de novembro de 1910.

  • Perucas Henri- 1910
       Propaganda de antiga loja de cabelos postiços, veiculada no Rio de Janeiro em 1910 e produzida em forma de desenhos.

  • Feridan - 1918
       No anúncio, o produto era a promessa de acabar com o problema da acne nas moças, "Moças que tem espinhas usam em vem de pó de arroz - Feridan - com resultado maravilhoso". Campanha veiculada na revista feminina A Cigarra, no dia 30 de janeiro de 1918.


       É notório que a maioria das propagandas eram feitas para ser veiculadas em jornais e revistas, que era o meio mais abrangente e eficiente para alcançar diferentes públicos naquele período, e fazer com que seus produtos e estabelecimentos fossem divulgados por toda a cidade. Todas são manuscritas, muitas feitas em forma de desenhos e em preto e branco, o que retrata a então falta de tecnologia da época. Os cosméticos em sua maioria não demonstravam possuir fórmulas complexas, muitas delas eram caseiras, e nem mesmo comprovações de sua eficácia, visto que, na época, ainda não haviam órgãos que fiscalizassem com rigidez cada produto.


Autores: Beatriz Marques, Daniel Farias, Danielle Araújo, Filipe Chaves, Lizandra Rodrigues e Maria Eduarda Lima

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